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22 de nov. de 2010

A Mulher Selvagem

Sua beleza é arisca, arredia aos modismos. Ela encanta por um não-sei-quê indefinível… mas que também agride o olhar. É um tipo raro e não tem habitat definido: vive em Catmandu, mora no prédio ao lado ou se mudou ontem para Barroquinha. E não deixou o endereço. É ela, a mulher selvagem.

Em quase tudo ela é uma mulher comum: pega metrô lotado, aproveita as promoções, bota o lixo para fora e tem dia que desiste de sair porque se acha um trapo. Porém em tudo que faz exala um frescor de liberdade. E também dá arrepios: você tem a impressão que viu uma loba na espreita. Você se assusta, olha de novo… e quem está ali é a mulher doce e simpática, ajeitando dengosa o cabelo, quase uma menininha. Mas por um segundo você viu a loba, viu sim. É a mulher selvagem.

A sociedade tenta mas não pode domesticá-la, ela se esquiva das regras. Quando você pensa que capturou, escapole feito água entre os dedos. Quando pensa que finalmente a conhece, ela surpreende outra vez. Tem a alma livre e só se submete quando quer. Por isso escolhe seus parceiros entre os que cultuam a liberdade. E como os reconhece? Como toda loba, pelo cheiro, por isso é bom não abusar de perfumes. Seu movimento tem graça, o olhar destila uma sensualidade natural… mas, cuidado, não vá passando a mão. Ela é um bicho, não esqueça. Gosta de afago mas também arranha.

Repare que há sempre uma mecha teimosa de cabelo: é o espírito selvagem que sopra em sua alma a refrescante sensação de estar unida à Terra. É daí que vem sua força e beleza. E sua sabedoria instintiva. Sim, ela é sábia pois está em harmonia com os ritmos da Natureza. Por isso conhece a si mesma, sabe dos seus ciclos de crescimento e não sabota a própria felicidade. Como todo bicho ela respeita seu corpo mas nem sempre resiste às guloseimas. Riponga do mato, gabriela brejeira? Não necessariamente, a maioria vive na cidade. E há dias paquera aquele pretinho básico da vitrine. E adora dançar em noite de lua. Ah, então é uma bruxa… Talvez, ela não liga para rótulos. Sabe que a imensidão do ser não cabe nas definições.

Mulheres gostam de fazer mistério. Ela não, ela é o mistério. Por uma razão simples: a mulher selvagem sabe que a vida é uma coisa assombrosa e perfeita e viver é o mais sagrado dos rituais. Ela sente as estações e se movimenta com os ventos, rindo da chuva e chorando com os rios que morrem. Coleciona pedrinhas, fala com plantas e de uma hora para outra quer ficar só, não insista. Não, ela não é uma esotérica deslumbrada mas vive se deslumbrando: com as heroínas dos filmes, aquela livraria nova, um presente inesperado… Ela se apaixona, sonha acordada e tem insônia por amor. As injustiças do mundo a angustiam mas ela respira fundo e renova sua fé na humanidade. Luta todos os dias por seus sonhos, adormece em meio a perguntas sem respostas e desperta com o sussurro das manhãs em seu ouvido, mais um dia perfeito para celebrar o imenso mistério de estar vivo.

Ela equilibra em si cultura e natureza, movendo-se bela e poética entre os dois extremos da humana condição. Ela é rara, sim, mas não é uma aberração, um desvio evolutivo. Pelo contrário: ela é a mais arquetípica e genuína expressão da feminilidade, a eterna celebração do sagrado feminino. Ela está aí nas ruas, todos os dias. A mulher selvagem ainda sobrevive em todas as mulheres mas a maioria tem medo e a mantém enjaulada. Ela é o que todas as mulheres são, sempre foram, mas a grande maioria esqueceu.

Felizmente algumas lembraram. Foram incompreendidas, sim, mas lamberam suas feridas e encontraram o caminho de volta à sua própria natureza. Esta crônica é uma homenagem a ela, a mulher selvagem, o tipo que fascina os homens que não têm medo do feminino. Eles ficam um pouco nervosos, é verdade, quando de repente se vêem frente a frente com um espécime desses. Por isso é que às vezes sobem correndo na primeira árvore. Mas é normal. Depois eles descem, se aproximam desconfiados, trocam os cheiros e aí… Bem, aí a Natureza sabe o que faz.

Por Ricardo Kelmer 


17 de nov. de 2010

A Medalha de São Bento

Veja bem como esse mundo é uma caixinha de surpresas, ganhei da amiga da minha mãe uma pulseira rosário (terço) benzida por um bispo católico que eu não lembro o nome. Achei a pulseira bonitinha e tal. Nela tem uma medalhinha com letras que eu não sabia do que se tratavam, assim sendo fui pesquisar o significado das letras e pasmem: são as iniciais de um exorcismo. Descobri que era a medalhinha de São Bento.
A medalhinha de São Bento é protetora, então, não sei se foi coincidência, mas pararam de entrar insetos dentro de casa. Por outro lado, por ter ganhado, estaria eu preparada para fazer exorcismos ou eu apenas necessitava de mais proteção??


FRENTE:
"Ejus in obitu nostro praesentia muniamur": Sejamos protegidos pela sua presença na hora de nossa morte.

VERSO:
PAX: paz
CSPB: Crux Sancti Patris Benedicti (Cruz do Santo Padre Bento)
CSSML: Crux Sacra Sit Mihi Lux (Cruz Sagrada seja a minha Luz)
NDSMD: Non Draco Sit Mihi Dux (Não seja o Demônio meu guia)
VRS: Vade retro, satana (Para trás, Satanás!)
NSMV: Nunquam Suade Mihi Vana (Nunca me aconselhes coisas vãs)
SMQL: Sunt Mala Quae Libas (É o mal que me ofereces)
IVB: Ipse Venena Bibas (Bebe Tu Mesmo os Teus Venenos)



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Em 03/02/2013
תודה לך אלוהים על כל
Todá lecha elohim al col
Obrigado a ti Deus por tudo

13 de nov. de 2010

"A bondade que nunca repreende não é bondade, é passividade;
A paciência que nunca se esgota não é paciência, é subserviência;
A serenidade que nunca se desmancha não é serenidade, é indiferença;
A tolerância que nunca replica não é tolerância, é imbecilidade."

7 de nov. de 2010

Esquecendo alguém

Esquecer alguém que foi muito importante em sua vida e que você considera muito, é como no AA: um dia de cada vez.
Os primeiros dias são os mais difíceis, você chora, quer gritar, quer ligar, quer falar com a pessoa, se desespera, mas não faz nada.
Mais adiante você sente saudade e a vontade de falar é enorme.
Tem dias bem difíceis onde as crises de choro são constantes;
Tem dias em que você  simplesmente quer sumir, em outros apenas arrancar seu coração e atirar no meio do asfalto para que um carro passe por cima e acabe logo com o que você sente;
E as crises de choro vão diminuindo aos poucos;
A saudade que antes era uma dor aguda, se torna crônica;
Passado um tempo, a saudade fica sendo tolerada;
Por fim, chega um momento em que você se acostuma com a ausência, se acostuma com a saudade, e quando isso acontece, chega a fase em que você apenas reza e entrega nas mãos de Deus.
Mas mesmo passando tudo isso a dor da perda nunca chega a desaparecer por completo, a gente apenas deixa de falar nela para que ela perca a sua força.

3 de nov. de 2010

Benção Irlandesa

Que o amor e o riso iluminem os seus dias
e aqueçam seu coração e sua casa.
Que seus amigos sejam bons e leais
onde quer que você vá.
Que a paz e a abundância abençôe o seu mundo
com alegria que perdure
Que todas as estações da vida
tragam o melhor a você e aos seus




Old Irish Blessing

"May love and laughter light your days,
and warm your heart and home.
May good and faithful friends be yours,
wherever you may roam.
May peace and plenty bless your world
with joy that long endures.
May all life's passing seasons
bring the best to you and yours!"